DE CUIDADOR A SER CUIDADO: A EXPERIÊNCIA DE DOENÇA NOS ENFERMEIROS
A experiência de doença nos enfermeiros revela-se interessante de analisar, na medida em que estes estão habituados a desempenhar funções de cuidador ao invés de serem cuidados. Perante a constatação da escassez de literatura nesta temática, elaborou-se um estudo qualitativo que teve como objetivo compreender o significado da experiência vivida de ser doente, na perspetiva individual e única do ser que cuida, na pessoa do enfermeiro. Para a sua elaboração recorreu-se a uma abordagem fenomenológica, segundo a metodologia de Giorgi, tendo sido realizadas entrevistas em profundidade (15) e solicitados relatos escritos individuais (14) para a recolha de informação. Dos dados obtidos e da informação analisada foi possível identificar a estrutura essencial do fenómeno em estudo, sendo constituída por quatro componentes essenciais, destacando-se a significação vital profissional e consolidação profissional e o repensar do mundo profissional. Neste sentido, verificou-se que a vivência de uma experiência de doença própria pelos enfermeiros, lhes possibilita a perceção sobre o que sente e vive o doente, assumindo o papel daquele que espelha o foco de atenção do desempenho das funções do enfermeiro e a razão de ser da profissão de enfermagem, tornando-se relatores fidedignos da interiorização do que significa ser doente e da constatação da qualidade e nível de cuidados de saúde prestados. Sendo conhecedores, na primeira pessoa, das angústias, medos e do impacto da experiência vivida de doença, no seu ser pessoa e profissional, conseguem identificar aspetos cruciais na relação enfermeiro-doente e promover a mudança de alguns comportamentos a esse nível, dando visibilidade à importância do cuidar em enfermagem, como fator condicionante do bem-estar dos que se encontram frágeis, vulneráveis e a necessitar de cuidados.
DE CUIDADOR A SER CUIDADO: A EXPERIÊNCIA DE DOENÇA NOS ENFERMEIROS
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DOI: 10.37572/EdArt_2911230934
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Palavras-chave: Enfermeiros, Experiência Vivida de Doença, Fenomenologia, Enfermagem
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Keywords: Nurses, Lived Experience of Illness, Phenomenology, Nursing
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Abstract:
The experience of illness in nurses proves to be interesting to analyze, as they are used to performing caregiver roles rather than being cared for. Given the lack of literature on this topic, a qualitative study was developed with the objective of understanding the meaning of the lived experience of being sick, from the individual and unique perspective of the caregiver, in the person of the nurse. To prepare it, a phenomenological approach was used, according to Giorgi's methodology, with in-depth interviews being carried out (15) and individual written reports being requested (14) to collect information. From the data obtained and the information analyzed, it was possible to identify the essential structure of the phenomenon under study, consisting of four essential components, highlighting the vital professional significance and professional consolidation and the rethinking of the professional world. In this sense, it was found that the experience of illness experienced by nurses allows them to perceive what the patient feels and experiences, assuming the role of one who reflects the focus of attention of the performance of the nurse's functions and the reason of being part of the nursing profession, becoming reliable reporters of the internalization of what it means to be sick and of the quality and level of health care provided. Being knowledgeable, in the first person, of the anxieties, fears and the impact of the lived experience of illness, on their personal and professional being, they are able to identify crucial aspects in the nurse-patient relationship and promote the change of some behaviors at that level, giving visibility to the importance of nursing care, as a conditioning factor for the well-being of those who are fragile, vulnerable and in need of care.
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Número de páginas: 15
- Isabel Maria Ribeiro Fernandes