COMPORTAMENTOS ADITIVOS SEM SUBSTÂNCIA
As dependências são perturbações que interferem com o normal funcionamento do indivíduo a nível psicológico, biológico e relacional. O objeto de desejo ganha uma centralidade cada vez mais significativa no dia-a-dia, podendo ter consequências potencialmente nocivas. Os transtornos devido a adições expressam-se por um padrão persistente e repetitivo de comportamento, sem controlo por parte do indivíduo, como é o caso do início ou fim do comportamento, duração, intensidade, contexto, aumentando a prioridade do comportamento em detrimento de outras atividades diárias ou interesses pessoais. Uma falha recorrente para resistir aos impulsos e falta de controlo num envolvimento de um determinado comportamento, pode indiciar o princípio de uma dependência. Normalmente, associam-se comportamentos aditivos ao consumo de substâncias, como álcool ou outras substâncias psicoativas, no entanto, existem hábitos, aparentemente inofensivos, que podem adquirir as mesmas características que se designam por comportamentos aditivos sem substâncias. Os comportamentos aditivos sem substâncias abrangem um largo espetro de serviços e produtos, incluindo Tecnologias de Informação e Comunicação, a Internet como computadores, consolas, jogos de fortuna ou azar (jogo patológico), smartphones, redes sociais, sexo, pornografia, exercício e compras. Pesquisas recentes indicam uma associação entre o uso intensivo de redes sociais e problemas de saúde mental, incluindo depressão e ansiedade. O objetivo deste trabalho foi compreender os fatores psicológicos, sociais e tecnológicos que contribuem para o desenvolvimento deste tipo de dependência e consciencializar as pessoas para a prática do impacto do uso excessivo da internet e redes sociais no funcionamento académico, profissional e relacional. Foi realizada uma revisão narrativa da literatura utilizando bases de dados como PubMed, SciELO e Google Scholar, assim como o Observatório Europeu da Droga e Toxicodependência (OEDT) e Instituto para os Comportamentos Aditivos e as Dependências (ICAD). Foram incluídos apenas artigos científicos publicados, selecionados de acordo com a sua relevância e contributo para o tema. O fenómeno da adição às redes sociais entre os jovens exige uma abordagem holística, incorporando perspetivas psicológicas, sociais e tecnológicas. A implementação de programas de consciencialização nas escolas, a promoção da literacia digital e o desenvolvimento de estratégias terapêuticas específicas para lidar com os desafios das redes sociais são passos essenciais. Além disso, é imperativo continuar estudos para compreender melhor os mecanismos subjacentes e adaptar as intervenções de acordo com a evolução do cenário digital.
COMPORTAMENTOS ADITIVOS SEM SUBSTÂNCIA
-
DOI: 10.37572/EdArt_09122574110
-
Palavras-chave: Adições; adições sem substância; conscientização
-
Keywords: Addictions; non-substance addictions; awareness
-
Abstract:
Addictions are disorders that interfere with an individual's normal psychological, biological and relational functioning. The object of desire becomes increasingly central to daily life, which can have potentially harmful consequences. Addiction disorders are expressed through a persistent and repetitive pattern of behaviour, beyond the individual's control, such as the onset or cessation of the behaviour, its duration, intensity and context, increasing the priority of the behaviour to the detriment of other daily activities or personal interests. A recurring failure to resist impulses and lack of control in engaging in a particular behaviour may indicate the onset of an addiction. Addictive behaviours are usually associated with the consumption of substances such as alcohol or other psychoactive substances, however, there are habits, seemingly harmless, that can acquire the same characteristics, which are referred to as non-substance addictive behaviours. Non-substance addictive behaviours cover a wide range of services and products, including information and communication technologies, the Internet, computers, consoles, games of chance (pathological gambling), smartphones, social networks, sex, pornography, exercise and shopping. Recent research indicates an association between intensive use of social media and mental health problems, including depression and anxiety. The aim of this study was to understand the psychological, social and technological factors that contribute to the development of this type of addiction and to raise awareness of the impact of excessive use of the internet and social media on academic, professional and relational functioning. A narrative review of the literature was conducted using databases such as PubMed, SciELO and Google Scholar, as well as the European Monitoring Centre for Drugs and Drug Addiction (EMCDDA) and the Institute for Addictive Behaviours and Addictions (ICAD). Only published scientific articles were included, selected according to their relevance and contribution to the topic. The phenomenon of social media addiction among young people requires a holistic approach, incorporating psychological, social and technological perspectives. The implementation of awareness programmes in schools, the promotion of digital literacy and the development of specific therapeutic strategies to deal with the challenges of social media are essential steps. Furthermore, it is imperative to continue studies to better understand the underlying mechanisms and adapt interventions in line with the evolving digital landscape.
- Maria João Almeida Nunes
- Maria Hermínia Nunes Barbosa
- Paula Cristina do Vale Lopes Pissarra
- Paulo Jorge Lopes Matos
- António Manuel Almeida Tavares Sequeira
- Isabel Maria Ribeiro Fernandes