Coerência e coesão – o que são e por que estudá-los é importante para a escrita acadêmica - Editora Artemis

Coerência e coesão – o que são e por que estudá-los é importante para a escrita acadêmica

Coerência e coesão – o que são e por que estudá-los é importante para a escrita acadêmica

Coerência e coesão – o que são e por que estudá-los é importante para a escrita acadêmica

Coerência é um conceito nuclear da linguística, que juntamente com a coesão garante a textualidade. Enquanto a primeira pode ser definida como a relação lógica de todos os elementos formativos de um texto, a segunda é a associação consistente desses elementos. Para que um texto cumpra seu objetivo, é preciso que tenha ambas.

A coesão obtém-se em grande parte a partir da gramática e também a partir do léxico – diz respeito ao modo como ligamos os elementos textuais numa sequência. Através da coesão é que se estabelece a relação semântica, ou seja, as relações de sentido entre os diversos elementos de um texto. Observe os trechos abaixo:

 

TRECHO 1: “Já então os dois gêmeos cursavam, um a Faculdade de Direito, em S. Paulo; outro a Escola de Medicina, no Rio. Não tardaria muito que saíssem formados e prontos, um para defender o Direito e o torto da gente, outro para ajudá-la a viver e a morrer.” (Texto da obra Esaú e Jacó, de Machado de Assis).

TRECHO 2: “Esaú e Jacó cursavam, respectivamente, a Faculdade de Direito, em São Paulo, e a Escola de Medicina, no Rio. Não tardaria muito que Esaú e Jacó saíssem formados e prontos. Esaú defenderia o Direito e o torto da gente. Jacó ajudaria a gente a viver e a morrer.” (adaptado do trecho 1)

No primeiro trecho, o autor utiliza “os gêmeos” para não repetir os nomes de Esaú e Jacó, de quem já vinha falando ao longo do livro. Na segunda frase, utiliza uma elipse (figura de linguagem em que se omite uma palavra ou expressão que pode ser facilmente identificada): “Não tardaria muito que (eles) saíssem formados” - o pronome “eles”, omitido, também retoma os irmãos. Depois, na terceira frase, utiliza os termos “um” e “outro” para novamente se referir a Esaú e Jacó. Sem que Machado de Assis mencione uma vez sequer os nomes, o leitor sabe que o texto fala dos dois irmãos.

No segundo trecho, propositadamente foram omitidos os elementos textuais que tornam o texto original de Machado de Assis mais coeso, elegante, profissional: o que demonstra que, sem utilizar elementos de coesão, pode-se ter coerência. Afinal, é perfeitamente lógica a sequência de frases do segundo texto, mas é repetitiva e pouco coesa.

Por outro lado, podemos também ter textos perfeitamente coesos, e nenhuma coerência, ou seja, nenhuma relação lógica entre os elementos formativos de um texto. Observe o trecho a seguir:

 “João estuda na Escola Monteiro Lobato. Ele ignora que o estabelecimento de ensino onde estuda é o mais antigo da cidade, que conta com diversos outros colégios de renome. Essas escolas são famosas por terem parques de invejável beleza. Em um desses jardins é possível apreciar inclusive uma construção em estilo gótico, que conjuga valores estéticos de uma fase específica da arquitetura ocidental. “

Você percebeu que os elementos de coesão estão presentes, mas que o texto (a menos que na continuidade um último enunciado pudesse dar conta de reduzir os anteriores a um denominador comum) não tem coerência?

Escrito por: Viviane Carvalho Mocellin, Editora Executiva